Ascaridiose em Suínos: Prevenção, Sintomas e Tratamento

Ascaridiose em Suínos: 

A criação de suínos desempenha um papel vital na economia agropecuária, sendo uma das atividades mais tradicionais e lucrativas no Brasil. No entanto, o sucesso dessa prática pode ser seriamente comprometido pela ocorrência de doenças parasitárias, como a ascaridiose. Essa infecção, causada pelo verme Ascaris suum, é uma das endoparasitoses mais comuns em suínos, sendo responsável por prejuízos significativos tanto em termos de saúde animal quanto em produtividade. Neste artigo, vamos explorar em detalhes o que é a ascaridiose, seus sintomas, formas de prevenção e tratamento, além de discutir a importância de medidas de controle eficazes para garantir a saúde dos suínos e a qualidade da produção.

O que é a Ascaridiose?

A ascaridiose é uma parasitose causada pelo nematódeo Ascaris suum, um verme que pode atingir até 40 cm de comprimento na fase adulta. Esse parasita é extremamente comum em criações de suínos, especialmente em sistemas de produção extensiva ou em condições de higiene inadequadas. Os ovos do Ascaris suum são muito resistentes e podem sobreviver por longos períodos no ambiente, sendo disseminados principalmente através das fezes dos animais infectados.

Ciclo de Vida do Parasita

Para entender a gravidade da ascaridiose, é essencial conhecer o ciclo de vida do Ascaris suum. O ciclo começa quando os suínos ingerem alimentos ou água contaminados com ovos do parasita. Esses ovos eclodem no intestino delgado, liberando larvas que penetram na parede intestinal e entram na corrente sanguínea. A partir daí, as larvas migram para o fígado e, posteriormente, para os pulmões, onde causam lesões antes de serem tossidas e reingeridas. Ao retornar ao intestino delgado, as larvas amadurecem em vermes adultos, completando o ciclo.

Esse ciclo migratório não só causa danos diretos aos órgãos internos dos suínos, como também prejudica o crescimento e a eficiência alimentar dos animais, resultando em perdas econômicas significativas.

Sintomas e Impactos na Saúde dos Suínos

Os sinais clínicos da ascaridiose podem variar dependendo da gravidade da infestação. Em infecções leves, os suínos podem não apresentar sintomas visíveis, mas em casos mais graves, os sinais podem incluir:

• Perda de apetite: Suínos infectados frequentemente apresentam uma redução no apetite, o que leva à perda de peso e crescimento lento.
• Tosse e dificuldade respiratória: Devido à migração das larvas através dos pulmões, os animais podem desenvolver sintomas respiratórios como tosse e dificuldade para respirar.
• Diarréia: A presença de vermes no intestino pode causar irritação e inflamação, resultando em diarréia.
• Pelagem opaca e falta de vitalidade: Os animais afetados podem apresentar uma aparência debilitada, com pelagem opaca e falta de energia.
• Obstrução intestinal: Em casos extremos, a infestação maciça de vermes pode levar à obstrução intestinal, que pode ser fatal se não tratada.

Além dos sinais clínicos, a ascaridiose pode causar sérios impactos na produtividade da criação. A redução no ganho de peso, aumento do tempo necessário para o abate e o consumo ineficiente de ração são consequências diretas da infecção, o que representa uma ameaça significativa para a rentabilidade da produção suína.

Diagnóstico da Ascaridiose

O diagnóstico da ascaridiose geralmente é feito por meio da análise das fezes dos suínos, onde podem ser identificados os ovos do parasita. No entanto, como os sintomas clínicos podem ser inespecíficos e semelhantes a outras doenças, é importante realizar exames laboratoriais complementares para confirmar a presença do Ascaris suum. Além disso, durante o abate, a inspeção dos órgãos internos, especialmente fígado e pulmões, pode revelar lesões características da migração larval, ajudando a confirmar o diagnóstico.

Prevenção e Controle da Ascaridiose

A prevenção da ascaridiose em suínos é fundamental para evitar os prejuízos econômicos e a deterioração da saúde dos animais. As principais medidas de prevenção incluem:

• Higiene rigorosa: Manter as instalações limpas e secas é crucial para reduzir a disseminação dos ovos do parasita. A limpeza regular dos comedouros e bebedouros, bem como a remoção frequente das fezes, pode ajudar a minimizar o risco de infecção.
• Manejo adequado: A implementação de um manejo adequado dos suínos, incluindo o controle da densidade populacional e a separação de animais por idade, pode reduzir a exposição ao parasita.
• Rotação de pastagens: Em sistemas de produção ao ar livre, a rotação de pastagens pode ser uma estratégia eficaz para interromper o ciclo de vida do Ascaris suum, evitando a recontaminação dos animais.
• Vermifugação regular: A administração periódica de vermífugos é uma das principais estratégias de controle da ascaridiose. É importante seguir um protocolo de vermifugação adequado, levando em consideração as recomendações veterinárias e a resistência parasitária.
• Educação e conscientização: Treinar os trabalhadores da granja para reconhecer os sinais de infecção e implementar práticas de manejo higiênico é essencial para o controle eficaz da doença.

Tratamento da Ascaridiose

O tratamento da ascaridiose em suínos é realizado principalmente através do uso de anti-helmínticos, que são medicamentos capazes de eliminar os vermes do organismo dos animais. Existem vários tipos de anti-helmínticos disponíveis no mercado, e a escolha do produto mais adequado deve ser feita com base em uma avaliação veterinária, considerando a gravidade da infestação e a resistência do parasita.

Alguns dos anti-helmínticos mais comuns incluem:

• Benzimidazóis: Eficazes contra vermes adultos e larvas, sendo amplamente utilizados em programas de controle de parasitas.
• Ivermectina: Amplamente utilizada devido à sua eficácia contra uma ampla gama de parasitas internos e externos.
• Levamisol: Um anti-helmíntico de largo espectro que também é eficaz contra outras parasitoses.

É importante seguir as recomendações de dosagem e período de carência do medicamento para garantir a segurança alimentar e a eficácia do tratamento.

Desafios e Considerações Finais

Apesar das diversas estratégias de controle e tratamento disponíveis, a ascaridiose em suínos continua a ser um desafio significativo para a indústria suinícola. A resistência parasitária aos anti-helmínticos é uma preocupação crescente, exigindo uma abordagem integrada que combine manejo adequado, práticas de higiene, rotação de pastagens e o uso criterioso de medicamentos.

Além disso, a educação contínua dos produtores e trabalhadores rurais é fundamental para garantir a implementação eficaz das medidas de controle e prevenir a disseminação da doença. A colaboração com veterinários e especialistas em parasitologia também desempenha um papel crucial na gestão da ascaridiose, garantindo que as práticas adotadas sejam baseadas em evidências científicas e adaptadas às necessidades específicas de cada criação.

Em conclusão, a ascaridiose em suínos é uma doença parasitária que pode causar prejuízos significativos tanto para a saúde dos animais quanto para a produtividade da criação. No entanto, com a adoção de medidas preventivas eficazes e um tratamento adequado, é possível minimizar os impactos dessa parasitose e garantir o bem-estar dos suínos e a sustentabilidade da produção suinícola.