Pediculose (Haematopinus suis)

Pediculose (Haematopinus suis)

Pediculose em Suínos: Impactos do Haematopinus suis 

Pediculose: A criação de suínos, sendo uma das atividades agropecuárias mais importantes em várias regiões do mundo, enfrenta uma série de desafios sanitários, dentre os quais se destaca a infestação por piolhos. A pediculose causada pelo Haematopinus suis, um ectoparasita específico dos suínos, é uma das condições parasitárias mais relevantes e impactantes para a produção suína. Este artigo explora de maneira detalhada as características desse parasita, os danos que ele causa, sua forma de transmissão, além das estratégias mais eficazes para o controle e prevenção dessa condição.

Características do Haematopinus suis

O Haematopinus suis é o único piolho que infesta os suínos, sendo um parasita hematófago, ou seja, que se alimenta de sangue. Diferente de outros parasitas, como ácaros ou pulgas, o Haematopinus suis possui um ciclo de vida completamente dependente do hospedeiro, sendo incapaz de sobreviver fora do animal por períodos prolongados. Esse piolho pertence à ordem Phthiraptera, e é classificado na família Haematopinidae, o que evidencia seu caráter exclusivamente parasitário.

Os adultos são de cor amarelada a cinza, com comprimento que varia de 5 a 6 mm, sendo visíveis a olho nu. O corpo é alongado e dividido em três regiões: cabeça, tórax e abdômen. A cabeça possui antenas e peças bucais adaptadas para perfurar a pele e sugar o sangue. As patas são robustas, com garras adaptadas para se prender firmemente aos pelos dos suínos.

O ciclo de vida do Haematopinus suis se divide em três fases: ovo (lêndea), ninfa e adulto. A fêmea adulta deposita os ovos na base dos pelos do hospedeiro, próximos à pele. Esses ovos eclodem em cerca de 12 a 14 dias, dando origem às ninfas, que se assemelham aos adultos, mas são menores e imaturas sexualmente. Após três estágios de muda, as ninfas se transformam em adultos, completando o ciclo de vida em cerca de 20 a 30 dias.

Pediculose (Haematopinus suis)
Pediculose (Haematopinus suis)

Sinais Clínicos e Impactos na Produção

Os sinais clínicos da pediculose suína são facilmente reconhecíveis em infestações severas. Os suínos infestados apresentam intenso prurido (coceira), que os leva a se esfregar constantemente em superfícies duras, como paredes e cercas. Esse comportamento pode causar lesões cutâneas, levando a infecções secundárias. Em casos graves, as áreas de pele afetadas desenvolvem crostas e feridas, comprometendo o bem-estar do animal e, em situações extremas, prejudicando seu crescimento e ganho de peso.

Outro impacto significativo é o estresse gerado pela infestação, que pode reduzir a eficiência alimentar dos suínos, levando a menor conversão alimentar e, consequentemente, queda na produtividade. Além disso, o Haematopinus suis pode atuar como vetor de outras doenças, sendo associado à transmissão da varíola suína e de alguns patógenos bacterianos, como o Mycoplasma suis, responsável pela eperitrozoonose.

Transmissão e Ciclo de Infestação

A transmissão do Haematopinus suis ocorre principalmente pelo contato direto entre suínos. A aglomeração dos animais em sistemas de criação intensiva facilita a propagação do parasita, especialmente em ambientes com pouca higienização. Uma vez infestados, os suínos rapidamente se tornam fontes de reinfestação, perpetuando o ciclo do parasita dentro do rebanho.

Outro ponto crítico é o manejo inadequado na introdução de novos animais ao plantel. Se os suínos recém-chegados não forem submetidos a um período de quarentena e a inspeções rigorosas, há grande risco de introdução de parasitas, mesmo em plantéis previamente livres do piolho. Além disso, materiais de manejo, como escovas e equipamentos, podem atuar como vetores mecânicos, transportando ninfas e ovos de um animal para outro.

Diagnóstico da Pediculose

O diagnóstico da pediculose é relativamente simples, uma vez que o Haematopinus suis é um piolho grande o suficiente para ser observado a olho nu. A inspeção visual das áreas corporais mais afetadas, como o interior das orelhas, a base da cauda e a região dorsal, geralmente revela a presença de adultos e lêndeas presas aos pelos.

Em surtos mais graves, o exame minucioso de toda a pelagem do animal é necessário, pois os parasitas podem estar distribuídos por diversas regiões do corpo. A confirmação do diagnóstico pode ser complementada por exames laboratoriais, embora, na prática, o exame clínico seja suficiente para identificar a infestação.

Pediculose (Haematopinus suis) (1) (1)
Pediculose (Haematopinus suis) (1) (1)

Controle e Prevenção

O controle da pediculose em suínos exige uma abordagem integrada, combinando medidas de manejo, tratamento químico e prevenção. Entre as principais práticas estão:

  1. Higiene e manejo adequado: A limpeza regular das instalações, associada à desinfecção de ambientes e equipamentos, é essencial para reduzir a carga parasitária. Ambientes úmidos e com acúmulo de sujeira favorecem a sobrevivência e proliferação dos piolhos.
  2. Tratamento químico: O uso de inseticidas específicos, como produtos à base de ivermectina, doramectina e outros antiparasitários de uso veterinário, é o método mais comum para eliminar os piolhos. Esses tratamentos podem ser administrados via injetável, pour-on (aplicação tópica) ou em banhos medicinais, dependendo da gravidade da infestação.
  3. Quarentena e isolamento: Animais recém-adquiridos devem ser mantidos em quarentena por pelo menos 30 dias, durante os quais devem ser tratados profilaticamente contra ectoparasitas. Isso ajuda a evitar a introdução de piolhos em rebanhos previamente saudáveis.
  4. Monitoramento contínuo: A inspeção periódica dos suínos é essencial para identificar precocemente sinais de infestação. Manter registros detalhados de tratamentos e surtos ajuda a planejar medidas preventivas e a ajustar o manejo conforme necessário.

Desafios e Considerações Finais

Apesar de as infestações por Haematopinus suis serem relativamente fáceis de identificar e tratar, o desafio reside na prevenção de surtos recorrentes. A resistência dos piolhos a alguns produtos químicos, associada ao manejo inadequado em granjas de grande porte, pode dificultar o controle efetivo.

Além disso, a intensificação da produção suína, com densidade populacional elevada, aumenta o risco de proliferação rápida dos parasitas. Assim, é fundamental que os produtores adotem uma abordagem preventiva, focando na saúde do rebanho como um todo, e não apenas no tratamento reativo das infestações.

Em termos econômicos, a pediculose pode gerar prejuízos significativos, tanto pelo impacto direto na saúde e bem-estar dos suínos quanto pelo custo dos tratamentos e perdas na produtividade. Portanto, estratégias integradas, que combinem medidas de biosseguridade, manejo e uso racional de medicamentos, são essenciais para o sucesso na prevenção e controle dessa condição.

Conclusão

A pediculose suína causada pelo Haematopinus suis é uma preocupação significativa para a saúde animal e para a rentabilidade da suinocultura. Compreender o ciclo de vida desse parasita, os sinais clínicos que ele provoca e as melhores práticas de controle são passos fundamentais para garantir a saúde do plantel e maximizar a produtividade. Uma gestão preventiva e rigorosa, focada na biosseguridade e no monitoramento contínuo, é a chave para evitar que infestações de piolhos comprometam a eficiência da produção e o bem-estar dos animais.


Haematopinus suis (Linnaeus, 1758) emGBIF Secretariat (2023). GBIF Backbone Taxonomy. Conjunto de dados de lista de verificação https://doi.org/10.15468/39omei acessado via GBIF.org em 2024-08-16.

 

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